Amor, então,
também acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima.
Posted in Paulo Leminski, tagged amor, Paulo Leminski on maio 14, 2016| Leave a Comment »
Amor, então,
também acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima.
Posted in Paulo Leminski on novembro 20, 2014| Leave a Comment »
Posted in Paulo Leminski, tagged gesto no movimento, Paulo Leminski on agosto 24, 2008| Leave a Comment »
quando chove,
eu chovo,
faz sol,
eu faço,
de noite,
anoiteço,
tem deus,
eu rezo,
não tem,
esqueço,
chove de novo,
de novo,
chovo,
assobio no vento,
daqui me vejo,
lá vou eu,
gesto no movimento
Posted in Paulo Leminski, tagged Epitáfio, Paulo Leminski, solange firmino on agosto 24, 2008| 1 Comment »
Epitáfio para o corpo
Aqui jaz um grande poeta.
Nada deixou escrito.
Este silêncio, acredito,
são suas obras completas.
[Paulo Leminski]
Testamento
Pouco importam
todos os versos que escrevi.
Importam as estrofes grudadas na língua
e as rimas que ficaram na carne.
Importa o que eu não disse
e me deixou
essa mudez interna.
Importam todas as palavras
sopradas sem fôlego.
E todas as efêmeras palavras
e as paixões que calei
importam.
Todas as vezes
em que engoli as lágrimas
e silenciei os gritos
importam.
Comigo levarei
os ecos de todos
os meus silêncios.
Solange Firmino
* 1º lugar no “2º concurso de literatura Cidade de Gravatal 2007”.
Posted in Paulo Leminski, tagged contranarciso, Paulo Leminski on junho 2, 2008| 1 Comment »
em mim
eu vejo o outro
e outro
e outro
enfim dezenas
trens passando
vagões cheios de gente
centenas
o outro
que há em mim
é você
você
e você
assim como
eu estou em você
eu estou nele
em nós
e só quando
estamos em nós
estamos em paz
mesmo que estejamos a sós
Posted in Paulo Leminski, tagged M. de Memória, Paulo Leminski on março 9, 2008| Leave a Comment »
Os livros sabem de cor
milhares de poemas.
Que memória!
Lembrar, assim, vale a pena.
Vale a pena o desperdício,
Ulisses voltou de Tróia,
assim como Dante disse,
o céu não vale uma história.
um dia, o diabo veio
seduzir um doutor Fausto.
Byron era verdadeiro.
Fernando, pessoa, era falso.
Mallarmé era tão pálido,
mais parecia uma página.
Rimbaud se mandou pra África,
Hemingway de miragens.
Os livros sabem de tudo.
Já sabem deste dilema.
Só não sabem que, no fundo,
ler não passa de uma lenda.
Posted in Paulo Leminski, tagged Paulo Leminski, Sem budismo on março 9, 2008| 1 Comment »
Poema que é bom
acaba zero a zero.
Acaba com.
Não como eu quero.
Começa sem.
Com, digamos, certo verso,
veneno de letra,
bolero, Ou menos.
Tira daqui, bota dali,
um lugar, não caminho.
Prossegue de si.
Seguro morreu de velho,
e sozinho.
Posted in Paulo Leminski, tagged Caprichos e Relaxos, Paulo Leminski on fevereiro 16, 2008| Leave a Comment »
uma carta uma brasa através
por dentro do texto
nuvem cheia da minha chuva
cruza o deserto por mim
a montanha caminha
o mar entre os dois
uma sílaba um soluço
um sim um não um ai
sinais dizendo nós
quando não estamos mais
*
um deus também é o vento
só se vê nos seus efeitos
árvores em pânico
bandeiras
água trêmula
navios a zarpar
me ensina
a sofrer sem ser visto
a gozar em silêncio
o meu próprio passar
nunca duas vezes
no mesmo lugar
a este deus
que levanta a poeira dos caminhos
os levando a voar
consagro este suspiro
nele cresça
até virar vendaval
*
coração PRA CIMA escrito em baixo FRÁGIL * nascemos em poemas diversos destino quis que a gente se achasse na mesma estrofe e na mesma classe no mesmo verso e na mesma frase rima a primeira vista nos vimos trocamos nossos sinônimos olhares não mais anônimos nesta altura da leitura nas mesmas pistas
Posted in Paulo Leminski, tagged eu, Paulo Leminski on fevereiro 8, 2008| Leave a Comment »
quando olho nos olhos
sei quando uma pessoa
está por dentro
ou está por fora
quem está por fora
não segura
um olhar que demora
de dentro de meu centro
este poema me olha