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Archive for the ‘Paulo Leminski’ Category

Paulo Leminski

downloadAmor, então,
também acaba?

Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.

Ou em rima.

 

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Paulo Leminski

f8c92642398f01734603a4b90ede0322

esta vida é uma viagem
pena eu estar aqui
só de passagem

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20160422_111811quando chove,
eu chovo,
faz sol,
eu faço,
de noite,
anoiteço,
tem deus,
eu rezo,
não tem,
esqueço,
chove de novo,
de novo,
chovo,
assobio no vento,
daqui me vejo,
lá vou eu,
gesto no movimento

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20160422_111811

Epitáfio para o corpo

Aqui jaz um grande poeta.
Nada deixou escrito.
Este silêncio, acredito,
são suas obras completas.
[Paulo Leminski]

Testamento

Pouco importam
todos os versos que escrevi.
Importam as estrofes grudadas na língua
e as rimas que ficaram na carne.
Importa o que eu não disse
e  me deixou
essa mudez interna.

Importam todas as palavras
sopradas sem fôlego.
E todas as efêmeras palavras
e as paixões que calei
importam.

Todas as vezes
em que engoli as lágrimas
e silenciei os gritos
importam.

Comigo levarei
os ecos de todos
os meus silêncios.

Solange Firmino

* 1º lugar no “2º concurso de literatura  Cidade de Gravatal 2007”.

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20160422_111811em mim
eu vejo o outro
e outro
e outro
enfim dezenas
trens passando
vagões cheios de gente
centenas

o outro
que há em mim
é você
você
e você

assim como
eu estou em você
eu estou nele
em nós
e só quando
estamos em nós
estamos em paz
mesmo que estejamos a sós

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20160422_111811

     Os livros sabem de cor
milhares de poemas.
     Que memória!
Lembrar, assim, vale a pena.
     Vale a pena o desperdício,
Ulisses voltou de Tróia,
     assim como Dante disse,
o céu não vale uma história.
     um dia, o diabo veio
seduzir um doutor Fausto.
     Byron era verdadeiro.
Fernando, pessoa, era falso.
     Mallarmé era tão pálido,
mais parecia uma página.
     Rimbaud se mandou pra África,
Hemingway de miragens.
     Os livros sabem de tudo.
Já sabem deste dilema.
     Só não sabem que, no fundo,
ler não passa de uma lenda.

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20160422_111811.jpgPoema que é bom
acaba zero a zero.
Acaba com.
Não como eu quero.
Começa sem.
Com, digamos, certo verso,
veneno de letra,
bolero, Ou menos.
Tira daqui, bota dali,
um lugar, não caminho.
Prossegue de si.
Seguro morreu de velho,
e sozinho.

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 20160422_111811.jpg

uma carta uma brasa através
por dentro do texto
nuvem cheia da minha chuva
cruza o deserto por mim
a montanha caminha
o mar entre os dois
uma sílaba um soluço
um sim um não um ai
sinais dizendo nós
quando não estamos mais

*

um deus também é o vento
só se vê nos seus efeitos
árvores em pânico
bandeiras
água trêmula
navios a zarpar

me ensina
a sofrer sem ser visto
a gozar em silêncio
o meu próprio passar
nunca duas vezes
no mesmo lugar

a este deus
que levanta a poeira dos caminhos
os levando a voar
consagro este suspiro

nele cresça
até virar vendaval

*

coração

PRA CIMA 

escrito em baixo

FRÁGIL 

*



nascemos em poemas diversos

destino quis que a gente se achasse

na mesma estrofe e na mesma classe

no mesmo verso e na mesma frase

rima a primeira vista nos vimos

trocamos nossos sinônimos

olhares não mais anônimos

nesta altura da leitura

nas mesmas pistas

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Paulo Leminski – Eu

rt.jpg

quando olho nos olhos
sei quando uma pessoa
está por dentro
ou está por fora

quem está por fora
não segura
um olhar que demora

de dentro de meu centro
este poema me olha

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